segunda-feira, 2 de novembro de 2009

O Beija-Flor Socorrista


Quando acordo entristecida,

Recosto-me nas grades da sacada

E observo o sol lentamente nascente.


A cidade vai acordando

E, sob os raios matinais,

Objetos outrora invisíveis

Agora me parecem reais.


Penso, então,

Quanta flor de alegria

Ainda pode haver na vida

Imersa na escuridão

De minha ignorância sem par.


Mas se a solidão por vezes castiga

Uma lágrima eu vejo alagar

Meus sulcos secretos da alma.


E quando mais julgo estar sozinha

De completa e seleta solidão vencida,

Um beija-flor vem-me ao encontro

E de pronto me beija a lágrima

Que por minha face escorre.


O pássaro, tão pequenino e frágil,

Envenenado de minha tristeza,

Não morre:Transforma a dor em beleza.


À minha alma um beija-flor socorre.


Nara Rúbia Ribeiro.

Um comentário: